As atividades da tarde desta terça-feira (3) na 5ª
Conferência Nacional de Saúde Indígena (5ª CNSI) começaram em ritmo de Toré.
Antes do início das discussões da mesa central “Controle Social e Gestão
Participativa”, os representantes dos povos indígenas do Nordeste fizeram uma
apresentação da dança e convidaram delegados e observadores indígenas e não
indígenas para entrarem na roda.
Logo depois, o coordenador da mesa, Edmundo Dzuaiwi Omore,
conselheiro do povo Xavante, e representante da Coordenação das Organizações
Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), abriu os trabalhos que se estenderam
por mais de duas horas. Ailson dos Santos, da etnia Truká e assessor
indígena do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Pernambuco, o
Secretário de Gestão Participativa do Ministério da Saúde, Luiz Odorico, e a
presidenta do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Maria do Socorro de Souza,
compuseram a mesa.
Nem o auditório grandioso, com pé direito alto, sob luzes
artificiais e a temperatura fria, por causa do ar condicionado -
cenário e ambiente diferentes dos das diversas aldeias encontradas nas várias
regiões do país, lugar de origem da maioria dos delegados – inibiram os
representantes indígenas de debaterem e se posicionarem em relação à Gestão Participativa
e o Controle Social. Os vinte minutos concedidos aos painelistas e os três
minutos disponíveis àqueles que queriam fazer perguntas ou comentários muitas
vezes foram insuficientes, já que a maioria dos participantes, representantes
indígenas de várias etnias, vem de uma cultura em que a oralidade é bastante
valorizada.
O painelista Ailson Truká, por exemplo, se apropriou do
conhecimento acadêmico produzido dentro da universidade para conduzir sua
apresentação. Ele expôs, oralmente e por meio de uma apresentação, fragmentos
da tese de doutorado da pesquisadora Luciana Benevides, intitulada “O controle
social no Subsistema de Atenção à Saúde Indígena: uma reflexão bioética”,
defendida na Faculdade de Saúde Coletiva da Universidade de Brasília, em 2012,
para argumentar a favor da participação dos povos indígenas no Controle Social
da Saúde Indígena.
O diálogo entre os dois conhecimentos, o empírico, de Ailson
Truká, com mais de uma década de ativismo no movimento indígena, e o
científico, da pesquisadora, foi bem sucedido e fomentou reflexões e
questionamentos. Ailson ressaltou que a terra é um determinante social da Saúde
Indígena e que a qualidade de vida e ausência de doenças estão diretamente
vinculadas a demarcação das reservas indígenas.
Por Verônica Figueiredo
Foto: Rondon Vellozo - Sesai/MS
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