quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Indígenas de Londrina participam de Etapa Local da 5ª CNSI


Nos dias 9 e 10 de setembro de 2013, indígenas do Polo Base de Londrina (PR) realizaram a Etapa Local da 5ª Conferência Nacional de Saúde Indígena (5ª CNSI). Ao todo, 45 participantes entre indígenas, gestores e trabalhadores de saúde discutiram propostas para alterar a política nacional de atenção aos povos indígenas. A região, no norte do Paraná, pertence ao Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Interior Sul.

A principal reivindicação por parte dos indígenas é encontrar uma solução para desburocratizar os processos de compra na saúde indígena. Na visão dos participantes, o modelo atual não atende as especificidades da população indígena.

“Criaram uma secretaria especial para os indígenas, mas as leis são as mesmas dos brancos”, afirmou Silvana Matias, integrante de uma das Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena (EMSI) do polo.
Uma das propostas foi a criação de um regime diferenciado de contratação e compras para a saúde indígena, o que possibilitaria, na visão dos participantes, agilidade para atender as demandas diferenciadas das aldeias.

Para o Procurador do Ministério Público do Paraná, Paulo Tavares, é importante que os indígenas possam traduzir os problemas enfrentados nas aldeias em propostas. “Este é o espaço para fazermos estas mudanças”, reforçou, lembrando aos presentes que qualquer tipo de problema no atendimento deve ser comunicado ao Ministério Público, para que a instituição possa buscar uma solução em conjunto com a Sesai.

Compreensão
Luís Camargo, representante dos usuários, disse que um dos problemas enfrentados pelos indígenas na região é a falta de compreensão do que é a Conferência e a falta de informações suficientes sobre o processo administrativo e gerencial dos DSEIs.

Ele agradeceu a explanação feita sobre a 5ª CNSI, incluindo princípios da atenção básica e da gestão. “Agora fica mais fácil saber o que precisa melhorar e como a Conferência pode nos ajudar”, argumentou.
O cacique Paulo Ferreira defendeu que as propostas formuladas pelos trabalhadores e usuários que estão nas aldeias têm que ser bem formuladas para chegarem até Brasília, em alusão a Etapa Nacional da 5ª CNSI, programada para ocorrer entre os dias 26 e 30 de novembro.

A única proposta rejeitada pelo grupo pedia que as indicações para a coordenação dos distritos fossem aprovadas antes por lideranças indígenas. No entendimento da maioria dos presentes, essa deve ser uma prerrogativa da gestão.

O usuário Nelson Camargo alertou quanto ao perigo da confusão que é feita entre gestão e Controle Social. “Já tivemos experiências no passado de ONGs de indígenas que acabaram enganando o povo. Nós sabemos quem são os malandros e dói muito mais quando a corrupção é feita pelos indígenas. Querer indicar os chefes acaba sendo perigoso nesse sentido”, defendeu a liderança.

Após a aprovação das propostas, o grupo elegeu os 26 delegados que irão representar a região na Etapa Distrital da 5ª CNSI, que será realizada dos dias 17 a 19 de outubro, em Florianópolis.
Além de mudanças na gestão, o grupo sugeriu um maior envolvimento do controle social indígena, além de novas regras para a execução de serviços de média e alta complexidade.

Por Francisco Souza


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