segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Indígenas do Alto Solimões debatem temas para construção de políticas de saúde na 5ª CNSI



Considerada uma das etapas mais aguardadas da 5ª Conferência Nacional de Saúde Indígena (5ª CNSI), sobretudo pela quantidade de delegados participantes, as plenárias do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Alto Solimões foram encerradas na última sexta-feira (20), em Tabatinga (AM).  Indígenas de sete etnias, além de representantes de trabalhadores da saúde e gestores, discutiram, durante três dias, as sete diretrizes que consolidarão as propostas a serem encaminhadas para etapa Nacional, em Brasília (DF). Esta foi uma das etapas que elegeu a maior participação de delegados indígenas, 52 no total.  

Durante a abertura solene do evento, o coordenador do DSEI, Daniel Lacerda, chamou a atenção dos delegados para a necessidade de aprovação de propostas concretas, bem como o cuidado com a escolha daqueles que melhor farão a defesa delas. “É importante que nesses três dias de conferência os debates avancem no entendimento do que é melhor para comunidade, e que estas propostas sejam para discussão não local, mas que tenham como horizonte a construção de uma política de saúde para toda população indígena. Daí a necessidade de se eleger bons delegados, para que eles sejam a voz da comunidade na defesa dessas propostas”, enfatizou.

Ao todo, 236 delegados participaram das plenárias com direito a voto, dos quais 118 eram indígenas. Eles elegeram os 104 representantes, de forma paritária, que seguem para etapa Nacional.

O DSEI Alto Solimões abrange, atualmente, uma população de 55 mil indígenas, sendo, portanto, o segundo com maior cobertura assistencial de toda rede, ficando atrás somente do DSEI Mato Grosso do Sul. A etnia mais numerosa é a Ticuna, que também é a que tem a maior quantidade de indígenas em todo país.

Debates
Entre as propostas em debate nas plenárias, duas foram exaustivamente discutidas pelos indígenas do Alto Solimões como necessárias para melhoria da assistência à saúde prestada na região amazônica. A primeira diz respeito à construção de um hospital para atendimento de média e alta complexidade na região. Uma unidade que funcione especificamente para a população indígena. A outra diz respeito à construção de uma Casa de Saúde Indígena (Casai) para o DSEI.

“Hoje, quando um indígena precisa de atendimento de média ou alta complexidade, ele é removido da aldeia para o município onde funciona o Polo Base. Se a situação não for resolvida no hospital do município, ele é transferido para Tabatinga ou para Manaus. Lá em Manaus tem uma única Casai que atende aos sete distritos. O que queremos é que os indígenas que são daqui tenham uma Casai específica para eles lá”, explica o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi) Alto Solimões, Elis Ticuna.

Participação popular
A participação cada vez maior da comunidade nos debates em torno da construção da política de saúde indígena, bem como o grau de conscientização dos próprios indígenas, é apontada pela conselheira Nacional de Saúde e membro da Comissão Intersetorial de Saúde Indígena, Vânia Lúcia Ferreira, como um avanço no processo de realização das Conferências de Saúde Indígena.

“Tenho acompanhado as discussões na área desde a terceira Conferência Nacional de Saúde Indígena. Depois de mais de uma década, notamos que houve evolução na participação da comunidade, principalmente no grau de envolvimento e conscientização. Outro avanço que é preciso destacar diz respeito à autonomia gerencial dos distritos, que era uma reivindicação presente em várias conferências e que finalmente foi atendida”, avaliou a conselheira.

Por Felipe Nabuco
Fotos: Igor Freitas
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