quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Grande participação indígena marca a abertura da Etapa Distrital no DSEI Ceará


As mais de 200 pessoas que lotaram a plenária de abertura da Etapa Distrital do Ceará da 5ª Conferência Nacional de Saúde Indígena (5ª CNSI), realizada nesta quarta-feira (25), em Fortaleza, mostraram a força de mobilização da comunidade indígena cearense em torno das discussões sobre a saúde desses povos. Todas as 14 etnias, que representam os cerca de 26 mil índios que vivem no estado do Ceará, marcaram presença no evento. Também estiveram no auditório profissionais e gestores que atuam tanto na atenção à saúde indígena quanto no Sistema Único de Saúde (SUS) do estado.

A Etapa Distrital da 5ª CNSI foi aberta oficialmente pela coordenadora Distrital de Saúde Indígena do Ceará, Meire de Souza Lima, que agradeceu ao esforço da comissão organizadora e de todos que a apoiaram a realização do evento.

Durante a mesa de abertura o secretário Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Antônio Alves de Souza, destacou o poder que uma conferência tem em mobilizar a população indígena, elegendo delegados que irão propor diretrizes e avaliar as ações do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena. “A Política de Atenção à Saúde Indígena já têm 11 anos e precisamos aprovar uma nova política. Avaliando o que está bom e tem que continuar e apontando o que esta ruim e precisa mudar. Isso é Controle Social”, destacou o secretário.

A criação da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e a realização da 5ª CNSI foram apontadas pelo representante da Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoime), Dourado Tapeba, como duas recentes vitórias dos povos indígenas. “Precisamos reconhecer o que melhorou. Hoje temos equipes de saúde em todos os 18 municípios cearenses que têm população indígena. Antes eram apenas quatro equipes. Mas precisamos continuar lutando para que as propostas que forem aprovadas nessa Conferência saiam do papel”, lembrou.  

Já o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi) do Ceará, Gabriel Domingos, destacou com um dos grandes desafios da saúde indígena é a garantia do atendimento de média e alta complexidade. “Somos índios, mas também somos munícipes e precisamos que os hospitais municipais nos atendam com dignidade.”

A mesa de abertura contou, ainda, com a presença do secretário de Saúde do Ceará em exercício, Haroldo Jorge de Carvalho Pontes; do presidente do Conselho de Saúde do Ceará, João Marcos de Faria; da representante do Conselho Nacional de Saúde, Creuza Caravalho Miguel;   do representante do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Ceará, Luís Carlos Schwinden, representante da Coordenação dos Povos Indígenas no Ceará  (Copice), Jorge Tapeba; e do representante da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcos Quixanã.

Condições de saúde - Todos os componentes da mesa destacaram o acesso à água e a demarcação de terras como dois grandes condicionantes para a saúde dos povos indígenas do Ceará. “Não dá para discutirmos saúde e segurança alimentar sem falar sobre a demarcação de terras e o acesso a água de qualidade, duas questões bem problemáticas aqui no Nordeste”, reforçou o secretário da Sesai.

A relação entre a terra e saúde também foi o tema do ritual sagrado da Natureza realizado pela etnia Tabajara, após a mesa de abertura. No centro do auditório, produtos da terra como vegetais, galhos de árvores, plantas medicinais e sementes representavam a força da natureza. Havia também resíduos como plástico, papel e metal que lembravam a degradação do meio ambiente. Durante a cerimônia os indígenas entoaram cantos e fizeram orações ao deus Tupã. 

A pajé e liderança indígena Tabajara da região da Serra das Matas, Luisa Canuto, que conduziu a cerimônia, explicou que esse ritual também é feito para lembrar as novas gerações do poder na natureza. “Não acreditamos em um Deus que não se manifeste através da Natureza”, explicou, lembrando a importância da terra para saúde dos índios, “para nós, indígenas, a saúde está na terra. O índio não existe sem terra, por isso lutamos antes de tudo pelo reconhecimento e demarcação de nossa terra”.

  
Por Aedê Cadaxa
Fotos: Luís Oliveira - Sesai/MS
De Fortaleza (CE)


Um comentário:

Facebook Google+ Twitter